20/08/2008


Parte 1

Quero desabafar com o silêncio, me abrir para dentro e ficar parado ao vento, talvez assim, eu consiga me desfazer no espaço que me transcende; talvez assim, alivie a dor que sinto no meu estômago, que me mata lentamente, no auge das minhas crises.

Às vezes me sinto completamente cego, sem visão, como se eu não tivesse futuro. Acabo procurando minha própria mão e continuo procurando e procurando, não sei ao certo, mas continuo... Não sei o que é especial, ou o que realmente vale a pena, só sei que a vida está inclusa nesta questão. Sim! Minha vida também! A sua? Não me atreveria a analisar nada nesse momento de loucura, de obscuridade que me faz correr por cantos redondos, dar voltas dentro do mesmo quarto e não encontrar nada. Sabe o que é isso? Não encontrar nada? Apenas um vazio eterno e uma sensação de impotência?

O meu quarto está cheio desse componente que insiste em existir, fazer parte da vida humana e atormentá-la. Além de atormentar, gera transtornos de pensamentos, dúvidas que levam ao mesmo lugar, ao vazio de onde veio.

Vou tentar dormir, quem sabe se eu virar para a direita eu acorde melhor que ontem. Talvez se eu virar para a esquerda eu caia da cama... Não! Não adianta! Nesses dias, acordar e respirar me faz mal. O desanimo pesa os olhos e o ar avisa ao corpo que ele ainda vive. Viver significa ter que enfrentar... Palavras fortes, vida forte!
Acredito que quando o Homem passa por dificuldades, por momentos que ele se depara com ele mesmo ou com situações que fogem do total controle, nós, como qualquer animal, temos nossos mecanismos de defesa. Quando algo assusta, o obvio é gritar ou fugir... Eu já fiz os dois! Mas é impossível fugir do que estou fugindo. Mesmo sem espelho, mesmo sem luz, o que sinto em cada fração sou eu mesmo. Mesmo que desvie meu olhar do meu, cada pensamento passa por dentro de mim e isso faz tudo fazer parte do meu eu. Impossível! Gritar assusta os outros! Sério! Já gritou em público? Mesmo que todos que vivem neste mundo tenham ou já tenham tido esse desejo, a hipocrisia e os falsos tabus fazem com que cada um que presencie essa cena se espante absurdamente ao ponto de ridicularizar. Gritar alivia sim, mas causa outros tipos de problemas, que podem afetar diretamente a vida social.

O meu olhar fixa o teto branco, cada parte do meu corpo está encostado no colchão, que tenho a impressão de já ter o mesmo formato da minha sombra. Encontro-me fraco, sem força de movimento, apenas as pulsações fazem do seu ritmo o resumo da minha vida. E novamente olho para o teto. Tão branco... Reflete o que não consigo refletir no momento. Estou no escuro, só absorvo. Viro para o lado esquerdo da cama. Não! Não posso ficar deste lado, tenho a grande possibilidade de queda. Não posso me arriscar. De bruços meu pescoço dói. O melhor é virar para a direita e me encolher até virar um pequeno aglomerado embaixo do cobertor. Desse jeito estou protegido.

Tenho certeza que quando sair desse ciclo entrarei em outro e depois desse outro estarei nesse de novo. Interminável! Ciclos e reciclos. Vidas de bolas! Que rodam só com atrito!
Como posso me defender desse chão áspero? Deveria ter colocado carpete. Mas carpete me dá alergia, ataca a rinite, mas amortece a queda. Talvez, um chão daquelas madeiras sintéticas. Acho que seria agradável. O clima ficaria menos frio. E a queda menos dura. Ilusões com verdades, verdades com ilusões, não encontro o puro, o bruto, o não lapidado, só modificações da verdade. Tudo me confunde.

Como agir? Será que alguém vai abrir aquela porta? Será que devo sorrir? Correr? Gritar? Fingir? Será que vão me reconhecer? Como podem me conhecer se nem eu mesmo me conheço? Tudo gira lentamente em torno do nada que fingi girar. Estou tonto! Pronto! Não sei onde me apoiar. Acho que esse quarto de repente se tornou grande demais para o eu que não existe neste momento, mas em frações de segundos, o eu surge e se multiplica, me sufocando dentro do mesmo espaço que antes era infinitamente maior. Estou falando de segundos, na medida do tempo que a proporção entre mil sorrisos está para uma lágrima. Sim! Lágrimas são intermináveis. A tristeza anda em câmera lenta.

Todo esse desconforto eu que criei, então deveria ser eu a descria-lo, não? Mas essa imensidão que existe quando estou nulo, me enche de medo!...


(continua amanhã...)


Fabiane Rivero Kalil

10 comentários:

Anônimo disse...

mtooooo bom Fabi!!!! Mandou mto bem ... me identifiquei pencas!!! hahaha

bjssssssssss

Anônimo disse...

Deixe tudo aí..
Deixe quieto meu coração
Deixe quieta as emoções
Não sei o que fazer com elas...

Deixe tudo aí..
E vá!
Deixe, tudo...
Não chore, e não me olhe!
Não sei te dizer
Apenas peço, imploro..
Deixe tudo aí.

Deixe o pedaço do seu coração que você roubou.
Vou tentar me arrumar
Ou então leve-o
Mas deixe-me aqui

Quero parar de respirar
Paralisar os olhos
Acalmar o coração
E o que não conseguir fazer
Deixo aqui.

Anônimo disse...

As palavras me faltam
Sobram pensamentos
Uma angústia toma conta de mim
E meu corpo treme

Minhas mãos estão frias
Meus olhos.. fixos nos teus
Eu preciso te dizer...
Mas NÃO!

Não me deixe cair
Lembra..???
As palavras!!!

Há pontos de luz por todos os lados
Eu os vejo o tempo todo
Porquê não chegam a mim?

Há pontos escuros por todos os lados
Entram, me invadem, querer me tomar
Ausente solidão

As palavras tentam escapar
Não falar de ordem
Não vou colocar-me em ordem

Entre teu carinho e a minha canção
É só amor!
Enfeitei meu mundo
Fiz carnaval no meu coração
Pra que o meu silêncio não te incomodar...

SILENCIANDO

Anônimo disse...

Adorei!!!!
Medo, puro medo, todos passamos por essa fase, falta de iniciativa, de movimento....

Tô adorando, vc escreve muito bem!

Tata disse...

Fabi, está abrindo sua caixa de pandora, é?!
As questões humanas nunca mudam, né?! Também tenho crises intermináveis e uma delas, a última, foi bem isso que você relatou. A queda.
Quando minha mente já em bolas , ciclos e reciclos não conseguia mais parar, meu corpo deu um jeito e travou minha coluna. Me obriga a hibernar, na cama, no piso de madeira. Nada tão áspero, muito menos tão novo. Mas uma alma sensível, se fragliza com tão pouco.

Ariane Alberti disse...

entaum n sei bem o dizer mas posso te dizer q todos passamos por momentos como esse eu acho.. particularmente ja passei diversas vezes enfim.. tamu ai queru mais bjos amo

Anônimo disse...

Fá!! adorei o texto. super sensível.
Vai fundo!
saudades, beijão

Anônimo disse...

........
muito bom, vc está melhorando hein, o que vinha das profundesas agora vem do profundo do profundo....

e é justamente esse profundo desconhecido q nos causa o medo....
esses ciclos, fases, passam. juro pra vc...ai a gente pensa com tudo isso q ta aqui....vazio...medo...agustia....
Na verdade essa é uma fase de Evolução, vc está crescendo!

bjs

Anônimo disse...

........
muito bom, vc está melhorando hein, o que vinha das profundezas agora vem do profundo do profundo....

e é justamente esse profundo desconhecido q nos causa o medo....
esses ciclos, fases, passam. juro pra vc...ai a gente pensa com tudo isso q ta aqui....vazio...medo...agustia....
Na verdade essa é uma fase de Evolução, vc está crescendo!

bjs

Anônimo disse...

Cada dia que leio é uma nova surpresa. Impossivel parar.Como matar o poeta que vive em mim?
Mas, mudando de assunto...você quer um cafuné? Te amo filha, de todo coração. Mamis