17/03/2011

História


Quando olho para trás e tento reviver o que já foi, nada se move, tudo é estancado, paralizado, num passado já fotografado, pintado, rasgado, borrado, machucado...
Como posso eu viver ali? Não me movo! Não me movo!

Quando olho o presente vivo e latente e me vejo contemplando algo que já foi, não é por não querer o futuro, mas por este ser turvo, preto, obscuro. Lá para frente nada existe, tudo precisa ser construído, pintado e registrado no presente que me encontro, para construir o amanhã que ainda não é....
Mas mesmo com o pincel e caneta em mãos, ainda sim, mesmo já tendo pintado o passado, não me sinto capaz de pintar o futuro.

E amanhã, quando acordar, olharei para trás e verei uma pincelada de medo. E olharei novamente para o hoje com vontade de pintar coragem. E quando acordar de novo e olhar para trás, verei um novo texto, um novo contexto criado com a coragem de se ter medo.
Sem medo, pintar seria fácil demais para ser um ato de bravura...

Fabiane Rivero Kalil